Durante audiência no Juizado Especial Cível, advogado reconhece a sinceridade de quem recebeu o valor por engano e desiste da cobrança
Um gesto de empatia e humanidade emocionou os presentes em uma audiência de conciliação realizada no Juizado Especial Cível da comarca de Lages. Um advogado se comoveu com relato e a sinceridade de uma mulher e decidiu não cobrar valor transferido por engano.
O caso envolvia um erro de transferência via Pix. Um escritório de advocacia, após vencer uma ação judicial, deveria repassar os valores recebidos a seus clientes. Porém, em virtude da semelhança entre nomes, o valor de R$ 4.823,10 foi depositado por engano na conta de uma senhora, que não fazia parte do processo.
Sem conseguir contato com ela, o escritório entrou com uma ação para reaver o montante. A audiência no Centro Judiciário de Solução de Conflitos e Cidania (Cejusc) foi marcada, e a ré compareceu, visivelmente nervosa e emocionada. Ela relatou que, ao receber o valor inesperado, tentou descobrir sua origem, mas sem sucesso. O dinheiro, segundo ela, chegou em um momento de extrema necessidade e foi usado para quitar dívidas e resolver problemas urgentes.
Durante o encontro, a sinceridade da mulher, que se propôs pagar R$ 100 por mês, e ainda assim com algum sacrifício, aliada as condições de vida, tocou profundamente o advogado responsável. Após uma breve conversa com os sócios, ele retornou à sala virtual e anunciou que a dívida, que corrigida passava dos R$ 5 mil, estava perdoada. “Pediu apenas que a senhora incluísse o nome do escritório em suas orações”, conta a conciliadora Eliane Freitas Benin.
O gesto comoveu não só a mulher e os familiares, mas também os acadêmicos do curso de Direito que acompanhavam a audiência. Eliane compartilha que todos parabenizaram o advogado pela atitude nobre, que foi registrada como remissão tácita da dívida na ata da sessão. “Foi um momento de grandiosidade, de humanidade, bonito e emocionante. Um exemplo de que ainda existem pessoas boas neste mundo”, relatou.
O juiz Geraldo Corrêa Bastos, titular do Juizado Especial Cível da comarca de Lages, reforça que o diálogo é a essência da justiça consensual. “Quando as partes se dispõem a ouvir e a compreender o outro, abre-se espaço para soluções mais humanas e duradouras. A conciliação não é apenas um meio de encerrar processos, mas de restaurar relações e promover a paz social”, conclui.
Taina Borges – NCI/TJSC