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Projeto Naninhas do Bem leva carinho e aconchego aos alunos da rede municipal

Uma espécie de boneca de pano, confeccionadas por voluntários, a naninha se torna imediatamente uma amiga, uma companheira, que vai alegrar o ambiente e acabar com a solidão das crianças

Este ano foi especialmente diferente para os voluntários do projeto Naninhas do Bem. As bonequinhas de pano com carinhas de bichinhos que já faziam tanto bem a centenas de crianças, tiveram um motivo a mais para chegar cada vez mais longe e espalhar amor por onde fossem. O isolamento social decorrente do enfrentamento do novo Coronavírus afastou as crianças uma das outras, causando muitas vezes medo e ansiedade. Com o objetivo de proporcionar carinho, aconchego, afeto e companhia a quem as recebem, as naninhas estão sendo entregues aos pequenos alunos dos Centros de Educação Infantil Municipal (Ceims).

A campanha chegou a Lages pelas mãos da professora Adriana Xavier de Medeiros, depois de uma viagem ao interior do Rio Grande do Sul, onde ela conheceu um projeto chamado Naninhas do Bem.

Uma espécie de boneca de pano, confeccionadas por voluntários, a naninha se torna imediatamente uma amiga, uma companheira, que vai alegrar o ambiente e acabar com a solidão das crianças. “Parece pouco, mas só quem já viu o sorriso de quem recebe e abraça sua nova amiguinha consegue dimensionar a importância social desta doação”, diz a professora.

O projeto iniciou em Lages de forma tímida, mas já conquistou muitos corações que colocam a mão na massa para ajudar na produção. Hoje existem três grupos de voluntárias que materializam todo seu amor e carinho em forma de arte.

Várias instituições recebem as Naninhas do Bem, como: Hospital Infantil Seara do Bem, Ceims, orfanatos e asilos. Somente neste ano já foram entregues 557 naninhas, em oito instituições, e estão sendo confeccionadas outras 260 para serem entregues no final de novembro. Na lista de solicitações para 2020, a princípio 335 naninhas.

Naninhas fazem companhia às crianças em isolamento social

Nas escolas municipais, as naninhas deixaram de serem entregues com a suspensão das aulas e o isolamento social. Até que, para surpresa do grupo, uma professora fez o pedido porque ela gostaria de mandar naninhas aos seus alunos junto com as atividades pedagógicas. “Achei um gesto muito carinhoso e que bate com o objetivo do projeto, que é proporcionar carinho, aconchego e afeto. Penso que este gesto fortalecerá os laços entre o aluno e a escola. Temos relatos de crianças que após ganharem a naninha, passaram a dormir sozinhas no seu quartinho”, relata Mirtes Hemkemaier, voluntária do grupo.

Outras professoras também tomaram a iniciativa. Em um Ceim que solicitou as naninhas, as professoras se disponibilizaram pra bordar as carinhas, em outros doaram a fibra. A professora Maria Gorete Siqueira Miranda, do Ceim Girassol, motivou as demais a ajudar. “Foi lindo de ver. Professoras, merendeiras, serviços gerais, mãe de professoras, avós, enfim, todas animadas. Quem não sabia bordar, ia para a internet ou pedia ajuda para quem sabia”, conta.

A professora se tornou também voluntária do grupo e teve sua vida transformada.  “Desde a partida do meu filho para o plano espiritual, venho procurando motivos para continuar bem e feliz. Quando visitávamos o Hospital Infantil uma vez por mês, deixávamos uma naninha para cada uma e também para outras crianças que passassem por ali. Isso nos enchia de alegria, saíamos de lá renovadas e com o coração mais cheio de amor do que quando havia chegado. De alguma forma eu estava abraçando meu filho, através daquelas crianças”, relata emocionada.

A professora Fabiola dos Santos Maciel, do Ceim Marco Bordin, é filha de uma das costureiras voluntárias e levou a ideia para a unidade escolar. “O projeto Naninhas é maravilhoso e neste momento difícil de pandemia irá nos ajudar muito a levar amor e aconchego as nossas crianças mesmo que distante”, comenta.

Costura solidária                                   

Todo trabalho é realizado por 17 voluntáriospessoas solidárias que dedicam seu tempo para fazer o bem. Tudo é feito com tecido de algodão e fibra siliconada antialérgica. Os olhos das bonecas são caseados à mão, e não possui nada que a criança possa arrancar e as costuras são reforçadas. Há um padrão na confecção para evitar comparações entre quem as recebe.

Antonio Carlos Hemkemaier é o único homem do grupo. Aprendeu a costurar com a mãe e dedica seu tempo disponível ao grupo após a aposentadoria. “Sentir-me útil para ajudar a levar carinho e amor aos mais necessitados é o que me motiva. A sensação que sentimos e o abraço que ganhamos ao fazer a entrega das naninhas não tem preço”, comenta.

O trabalho é dividido. Uma das voluntárias corta o tecido com o molde das naninhas, com o rostinho e olhinhos recortados para um grupo que borda. Quando retorna junto com as demais peças é enviado para as costureiras. Tem um grupo que só confecciona os saquinhos. Quando volta, são enchidas de fibras e montadas as naninhas, que saem para a entrega. O grupo tem uma lista de pedidos.

O projeto engajou-se também na arrecadação de roupas para recém-nascidos, cujas mães não tinham nem se quer um pijaminha e recebiam uma naninha, junto com o enxoval. “Nosso sonho era levar o projeto pra outras cidades, para que mais crianças recebam esse carinho, e conseguimos. No ano passado minha sobrinha, que é assistente social e mora em Campos Novos, organizou um encontro com as colegas que estudaram juntas no ensino médio, levou uma naninha pra presentear as amigas. Elas ficaram tão gratas e encantadas que fundaram um grupo lá”, conta Mirtes.

Parceiros do projeto

                                
O Projeto Naninhas do Bem não visa lucro, por isso precisa de doações. Muitas vezes, as próprias voluntárias compram o material, arrecadam com familiares, amigos e algumas lojas que fazem doações. “Nosso sonho é que o projeto seja levado para outras cidades, para que muitas crianças possam receber uma “amiguinha de pano”, repleta de aconchego e afeto, espalhando amor e carinho”.

Quem quiser colaborar, com material e mão de obra, pode ligar para a Mirtes no telefone (49) 99911-7103.

Texto: Aline Tives/Fotos: Divulgação

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