Maior aproveitamento de açudes e mais dinheiro no bolso das famílias lageanas
Lançado em dezembro de 2023, o Programa Peixe na Mesa, idealizado, criado e desenvolvido pela prefeitura, por intermédio da Secretaria da Agricultura e Pesca, promoveu a entrega de uma nova remessa com aproximadamente dois mil alevinos de variadas espécies, entre as quais, exemplares de tilápia, jundiá, carpa capim, carpa húngara e cat fish, a mais de 20 piscicultores de regiões urbana e rural do município de Lages que possuem açude ou tanque em sua propriedade, como Índios, Macacos e Rancho de Tábuas, no fim da manhã desta terça-feira (6), no Horto Municipal do Bairro Guarujá.
Os objetivos do Programa são estimular o uso total das propriedades e impulsionar o aumento da renda financeira das famílias que vivem no campo, ofertando fatores condicionantes para o progresso na área rural. Pioneira na Serra Catarinense, a mobilização servirá de modelo para implantação em outras cidades pertencentes à Associação dos Municípios da Região Serrana (Amures). No Estado de Santa Catarina, Içara começou primeiramente com trabalho semelhante, contudo, utilizando tanques de 500 litros.
Atualmente, 90 produtores estão no Programa Peixe na Mesa. Piscicultores interessados em receber os alevinos devem efetuar seu cadastro na Secretaria da Agricultura e Pesca, localizada no bairro Universitário, portando documento oficial de identidade com foto.
O evento desta terça foi acompanhado pelo prefeito Antonio Ceron; vice Juliano Polese, e pelo secretário da Agricultura e Pesca, Ozair Coelho (Polaco), entre outras autoridades e piscicultores.
A estrutura do criatório foi instalada no Horto do Bairro Guarujá em uma área coberta de 576 metros quadrados e consiste em sete tanques, cada qual com capacidade para cinco mil litros de água. Os peixes estão nos tanques há pouco mais de dois meses.
Este Programa envolve um sistema de aquaponia, com criação de peixe associada ao cultivo hidropônico de hortaliças com alto potencial de desenvolvimento devido justamente à estratégia adotada, como alface dos tipos americana, lisa, crespa e mimosa; chicória lisa, e mostarda. Existem quatro mil mudas plantadas sob as estufas.
Paralelamente à entrega dos animais, o Programa intenta a criação de peixes no Horto Municipal do Bairro Guarujá para doação a produtores com o intuito de posterior comercialização em feiras nos bairros pela metade do preço comparado ao de mercado, ao valor de R$ 10 por quilo, instigando o incremento à renda das famílias. Para tal, dois tanques de cinco mil litros, cada um, foram reservados somente para a criação de tilápias.
A partir do início de março deste ano de 2024 serão realizadas feiras mensais nos bairros para a venda dos peixes produzidos no Horto Municipal. Os produtores terão acesso aos peixes a cada 40 dias.
Em seu início, 50 produtores rurais (piscicultores) cadastrados pessoalmente junto à Secretaria da Agricultura e Pesca receberam os primeiros 150 alevinos, cada, do Programa Peixe na Mesa, no fim de 2023.
Saladas gratuitas a quem comprar peixes nas feiras
Com o acréscimo das novas estufas de hortaliças, de duas para quatro, associadas à criação de peixes, pela forma do sistema de aquaponia, o Horto do Guarujá passará por uma adição na produção, passando de 50 mil para 150 mil mudas mensalmente. As mudas produzidas serão doadas para a comunidade e a entidades socioassistenciais.
De 20 a 25 dias haverá dois mil pés de alfaces à disposição do público. As pessoas que adquirirem peixes nas feiras irão ganhar pés de alface para sua salada de casa.
Todo o Programa Peixe na Mesa custou mais de R$ 300 mil. A prefeitura de Lages viabilizou esta estrutura para a criação de alevinos. O Programa conta com recursos financeiros públicos provenientes de emendas parlamentares, no valor de R$ 120 mil, da deputada federal, Carmen Zanotto, e R$ 250 mil, do deputado estadual, Julio Garcia (de um total de R$ 1 milhão – o restante será direcionado para obras em Lages). Outros R$ 150 mil estão garantidos pelo Governo do Estado/Secretaria de Estado da Agricultura e Pecuária.
Enquanto isto, a Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (Epagri) – Extensão Escritório Municipal de Lages – contribuiu pela doação de equipamentos – oxímetro e redes – e disponibilização de aparato técnico.
A Secretaria da Agricultura e Pesca está situada na rua Sebastião Ramos Schmidt, nº: 288, bairro Universitário, próximo à Universidade do Planalto Catarinense (Uniplac). Para esclarecer dúvidas, os interessados devem entrar em contato por telefone: 3019-7476.
Produtor quer tornar o cultivo de peixes um negócio do futuro
O professor e produtor rural, Anderson da Silva, divide sua vida entre dois endereços – sua casa, no perímetro urbano, e o distrito de Índios, onde está sua propriedade rural. Possui 200 peixes. Esta é a segunda vez que se desloca para buscar alevinos como um dos produtores do Programa Peixe na Mesa.
Os alevinos transportados em dezembro foram levados com 20 gramas e estão com 200 gramas. Em 2025 estarão com 800, 900 gramas, peso bom para a retirada. “Eu fechei um açude pequeno para ter este açude grande. Crio peixes há dez anos. A princípio, é para o próprio consumo, pois estamos no começo. Hoje são dez, 15 quilos de peixe por mês, à família e parentes, a quem conseguimos vender. A ideia é expandir, virar um verdadeiro empreendimento, uma renda extra. Com a gratuidade dos peixes sobra mais dinheiro e a gente consegue amplificar o investimento com o trato deles, melhorar o trato. Lido também com frango, cabeças de gado e lavoura de milho”, explica.
Há cerca de cinco meses, o valor do pacote com 25 quilos de ração para peixes está “salgado”. Está custando entre R$ 85 e 110 reais. Antes era R$ 60. No caso de Anderson, um saco é suficiente para alimentar os 200 animais em fase adulta durante um mês. Aos de porte ainda pequeno dura 60 dias, porém, custa mais caro – R$ 110.
O gerente de manutenção geral de uma empresa florestal exportadora, Enio Pietro, reside em Macacos e a produção de seu açude grande é voltada ao uso próprio. “Estou iniciando agora, vão ser os primeiros. A família é grande, são 50 pessoas. Conseguir os peixes de graça ajuda porque daí podemos gastar com mais ração, e de qualidade.”
Texto: Daniele Mendes de Melo /Fotos: Greik Pacheco