Notícia no Ato

Udesc Lages atende cães de busca e resgate do Corpo de Bombeiros Militar de Santa Catarina

Seis cães de serviço do Corpo de Bombeiros Militar de Santa Catarina passaram por check-up de rotina no Hospital de Clínica Veterinária Professor Lauro Ribas Zimmer (HCV), localizado no campus do Centro de Ciências Agroveterinárias (CAV), nos dias nove e 16 de julho. Outros dois animais devem ser atendidos nos próximos dias. O atendimento anual que monitora a saúde de cada um deles e garante que estejam aptos para o trabalho é fruto de uma parceria entre o Corpo de Bombeiros do estado e a Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc), que iniciou oficialmente em 2017. O serviço seguiu em 2019, 2023 e este ano, conforme detalha uma das supervisoras dos atendimentos, a professora do Curso de Medicina Veterinária do CAV Letícia Yonezawa.

O atendimento é realizado pelos residentes e mestrandos do HCV das áreas de clínica médica de pequenos animais, anestesiologia, diagnóstico por imagem e patologia clínica. A visita inclui várias etapas: “Tudo começa pelo exame clínico. Então, há a coleta de sangue para realização do hemograma. O cão passa pelo eletrocardiograma e, se estiver apto a receber anestesia, é sedado e vai para o exame de imagem (raio-X)”, detalha a professora Letícia. Um dos objetivos da avaliação é o eventual diagnóstico, bem como o acompanhamento da displasia coxofemoral, conhecida como displasia de quadril, uma condição que afeta mais frequentemente cães de grande porte. Neste caso, há um desenvolvimento incorreto da articulação do quadril, o que causa instabilidade e atrito na articulação, dor e dificuldade de movimento.

A equipe de supervisão é formada ainda pela professora e diretora do HCV, Mere Erika Saito, e pela técnica de desenvolvimento do HCV, médica veterinária Danielle Gava. “Além de atender aos cães da Polícia Civil e dos Bombeiros de Santa Catarina, parcerias com outras instituições do estado que utilizam cães na rotina de trabalho estão a caminho” – afirma Danielle.

A trajetória dos cães de serviço

Eles estão sempre prontos a ajudar, seja em buscas de pessoas no campo e na cidade – vivas ou não – em meio a escombros, desmoronamentos e inundações. Entre as últimas missões desta turma, estiveram os trabalhos quando do rompimento da barragem em Brumadinho, no estado de Minas Gerais, em 2019, e em meio às enchentes do Rio Grande do Sul em 2024. Os heróis de quatro patas do Corpo de Bombeiros Militar de Santa Catarina, conhecidos como cães de serviço, merecem todos os cuidados.

Conforme a cabo do Corpo de Bombeiros de Lages, médica veterinária Andreza Amorim Moraes, com cerca de dois meses, depois do desmame, o filhote já vai morar com o bombeiro condutor. Com ele, o cão forma uma equipe chamada de “binômio”. A partir daí, ambos atuarão sempre juntos. “Ele passa por um treino básico, de obediência, e só depois vai para o treino de busca. Com um ano e meio, pode prestar provas para ser cão de resgate. Estas provas são nacionais e internacionais: prova rural, prova urbana, prova de escombros, de desmoronamento, prova de vivo e de cadáver” – detalha.

Aos dez anos, vem a aposentadoria das missões, mesmo que o animal esteja com plena saúde. Isto ocorre porque, depois de tanto trabalho árduo, ele ainda terá tempo de aproveitar a vida e descansar. “O cão pode seguir trabalhando com terapia assistida, junto aos Bombeiros Mirins ou em eventos do quartel, mas resgate, não mais. Ele continua morando com o condutor e fazendo parte da corporação” – finaliza Andreza.

Mais do que colega de trabalho, um membro da família

Conforme o cabo do Corpo de Bombeiros Guilherme Pereira Galli, Santa Catarina conta atualmente com 12 cães em serviço e um filhote em treinamento. Entre os atendidos nesta visita, está o labrador Sazuke, de seis anos, que permanece sob os cuidados de Galli desde os 56 dias de vida. Sazuke cresceu na casa do bombeiro, junto à buldogue Gordinha, e é considerado membro da família. “Eles dormem na mesma casinha” – conta o bombeiro.

O treinamento de Sazuke envolveu bastante disciplina e algumas restrições, especialmente no início. “O filhote é como uma criança, ele se dispersa muito fácil, então, se ele ficar junto com outros cães que gostem de brincar ou com uma área muito grande, é estimulante para ele. Em lugar de correr e brincar a qualquer hora, é preciso guardar a energia para que o cãozinho não chegue cansado ou com fome nos treinamentos” – explica.

A jornada de trabalho do labrador oscila, mas mantém a variedade de atividades. “A gente pratica exercício físico junto pelo menos duas vezes por semana. Outros dois dias na semana, a gente faz um trading de busca por vítima. Também uma ou duas vezes por semana, tem o treino de busca por restos mortais. A cada duas semanas tem também o dia de treinamento de obediência e destreza, que envolve os equipamentos que a gente utiliza na prova” – lista o bombeiro Galli.

Curta e intensa, a jornada de um cão de serviço sempre ganha contornos heroicos, já que alguns salvamentos e localizações de corpos são possíveis graças ao conjunto de habilidades que só eles têm, a exemplo do faro aguçado e disciplinado. Uma das operações mais complexas de que o binômio Galli-Sazuke participou foi na cidade de Petrópolis, no Rio de Janeiro, quando do deslizamento no Morro da Oficina em 2022. Dos dez dias da dupla na cidade, oito foram de trabalho.

Achou essa matéria interessante? Compartilhe!