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Em operação inédita em Santa Catarina e no Brasil, professores irão até a casa de alunos com necessidades especiais levar kits emergenciais e prestar apoio pedagógico nestes tempos de distanciamento social

Nesta segunda-feira (4 de maio) será trabalhado com os estudantes atendidos no polo da Escola Municipal de Educação Básica (Emeb) Professor Trajano, bairro Conta Dinheiro, e no polo Ceim Maria Conceição Nunes, bairro Várzea.  Alunos devem estar prontos e animados para aprender e interagir

Desde o dia 19 de março a vida dos lageanos não pôde mais ser a mesma. Nada é mais como antes diante das privações e das adequações da vida em sociedade e até no meio familiar, estando longe para proteger o próximo. Contudo, a esperança está viva e todos torcem por dias melhores. O novo Coronavírus, gerador da doença Covid-19, surgiu na China no final de dezembro de 2019 e se espalhou rapidamente por outras centenas de países em tempo recorde e forçou a imediata mudança na rotina e o isolamento social para coibir o crescimento desenfreado da transmissão. Em Lages inúmeras ações f oram e ainda estão sendo tomadas na medida de tentativas para uma retomada do cotidiano sem tantos transtornos às pessoas, tanto no âmbito pessoal, profissional, psicológico, emocional.

Na próxima segunda-feira (4 de maio), a partir das 9h, uma nova iniciativa da Prefeitura de Lages, por meio da Secretaria Municipal da Educação, será colocada em prática, pioneira no Estado e no país, já que as aulas da educação infantil ao ensino fundamental estão suspensas até pelo menos dia 31 de maio. Com as escolas fechadas são essenciais criatividade e planejamento para atenuar os efeitos da pandemia no dia a dia dos estudantes e compensar, com acolhimento e afeto, a presença do educador em suas vidas.

As distribuições serão feitas por polos de Atendimento Educacional Especializado (AEE), que atendem várias escolas cada um. Nesta segunda-feira (4 de maio) será trabalhado com estudantes do polo da Escola Municipal de Educação Básica (Emeb) Professor Trajano, bairro Conta Dinheiro, do qual fazem parte crianças do Centro de Educação Infantil Municipal (Ceim) Professor Trajano, Ceim Bairro Santa Maria e Emeb Juscelino Kubitschek de Oliveira, bairro Santa Maria.

Também na segunda-feira serão atendidas as crianças do polo Ceim Maria Conceição Nunes, bairro Várzea, que atende o Ceim Iraci Souza Steink (Popular), Ceim Maria de Castro Arruda (São Cristóvão) e Emeb Lupércio de Oliveira Koeche (Várzea). A agenda dos demais dias da primeira semana de maio ainda está em elaboração pela alta quantidade de escolas.

Ao todo, o Município atende 308 alunos com necessidades especiais, todos com laudo, na faixa etária de um a 15 anos, e agora, nesta fase atípica jamais vista na história nem pelos seus avós, irão receber seus próprios professores de apoio à inclusão em casa, com quem já mantêm contato no dia a dia do processo de ensino-aprendizagem nas unidades escolares do sistema municipal de ensino, entre Centros de Educação Infantil Municipal (Ceims) e Escolas Municipais de Educação Básica (Emebs), no Atendimento Educacional Especializado (AEE). Entre as variadas deficiências estão Síndrome de Down, deficiência auditiva e visual, paralisia cerebral e autismo, resguardadas por educadores especializados e treinados para lidar com os detalhes destes diamantes a lapidar.

Carinho e conhecimento de uma vez só

Os professores de apoio à inclusão, devidamente munidos de todo aparato de prevenção ao contágio e transmissão do Coronavírus, como máscara, aventais e álcool gel, irão se deslocar com ônibus escolar oficial em baixo número de ocupação para evitar aglomerações, até as residências de seus alunos, de quem estão sentindo uma saudade imensa, pois além da função de educadores, são seus amigos e sabem bem entender suas necessidades, assim como as mães e pais destas crianças e adolescentes. Dentro da política nacional de educação especial usa-se uma nomenclatura que engloba todas as deficiências: estudantes com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades/super dotação. Aí estão inseridas todas as deficiências, síndromes e transtornos, conforme pondera a coordenadora da Educação Especial, Eri Cristina dos Anjos Campos.

Na segurança, conforto e comodidade de seus lares, e bem ambientados, com os alunos serão desenvolvidas atividades pedagógicas com material preparado exclusivamente para esta eventualidade, será entregue o kit emergencial de alimentação escolar suficiente por um mês, dotado de valor nutricional, composto por produtos in natura para preparo na moradia, a exemplo de produtos embalados (café, açúcar, biscoito, leite, arroz, feijão, macarrão, óleo de soja, entre outros) e itens de hortifruti, como batata e cebola, adquiridos da agricultura familiar, e irão receber demandas educacionais e de outras áreas, direto destes estudantes. Diferentemente das crianças e alunos que receberam kit emergencial das sopas, pães e saladas e o in natura, as crianças com necessidades especiais receberão, ainda, um kit higiene. “Todos os 308 alunos da Educação Especial são atendidos mediante laudo, porém, não é toda esta totalidade que tem necessidade de um segundo professor perante a lei (professor de apoio à inclusão), o que não impede que os 308 recebam o kit e o suporte pedagógico. A equipe contemplará todos nossos estudantes”, argumenta Eri.

Estas características peculiares de atendimento foram elaboradas em caráter emergencial e logo estipulado um cronograma com roteiro de datas e horários programados para organizar o direcionamento aos alunos. A Secretaria da Educação promoveu reuniões com pequenos grupos de professores até alcançar o alvo de 220 professores de apoio à inclusão do quadro municipal. A rodada de reuniões foi concluída na manhã desta quinta-feira (30 de abril) e traçou as explicações da dinâmica de trabalho. “Acompanhar os alunos em seus endereços e verificar do que eles estão precisando agora. Os dois kits devem ajudar grandemente nossas crianças nesta época. Esta troca de contato será maravilhosa e com certeza vai deixar as crianças mais tranquilas e alegres”, acredita a secretária da Educação, Ivana Michaltchuk.

Texto: Daniele Mendes de Melo

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