Falar sobre empreendedorismo se tornou comum para muitas famílias lageanas. Neste ano, 12 escolas da rede municipal de ensino estão participando do programa Jovens Empreendedores Primeiros Passos (JEPP). Esta parceria entre o Serviço de apoio às Micro e Pequenas Empresas de Santa Catarina (Sebrae/SC) e Prefeitura de Lages está possibilitando a mais de 3,8 mil crianças e adolescentes do 1º ao 9º ano terem aulas de educação empreendedora. E eles estão levando os ensinamentos para casa.Enzo Coelho tem oito anos e estuda no 2º ano da Escola Municipal de Educação Básica Suzana de Albino França. Além das atividades propostas pelo JEEP, ele envolveu toda a família nos seus negócios. O menino aprendeu a fazer origamis e desenhos assistindo a vídeos na internet. Achou aí uma oportunidade de renda. Está vendendo os produtos para os parentes e amigos com o objetivo de juntar dinheiro para ir a um parque aquático no fim do ano.
A mãe Franciele Coelho conta que ele nunca havia guardado uma só moeda até iniciar as atividades do programa. “Estou achando isso fantástico. Nós nunca fomos educados para empreender e termos nosso próprio negócio. Tenho lido mais sobre empreendedorismo para incentiva-lo a pensar e ter atitudes como esta”, conta. Para ela, o Brasil vem criando essa nova cultura. “Sempre digo para ele: é melhor ter lucro do que salário”.
Mudanças de hábitos
Na casa da agente de crédito Makli Silva Ribas as coisas também mudaram. Todo lixo produzido tinha o mesmo fim. Agora, o material é visto de outra forma e aquilo que pode ser reciclado ganha outra finalidade. Já existe um pequeno depósito com recipientes de plástico, rolo do papel e caixas de leite. Quem está incentivando esse novo habito é o filho Arthur Ribas, de 12 anos.A turma dele na escola produziu algumas peças reutilizando papel para serem vendidas na feira. “Tenho percebido nele muito esforço e persistência para alcançar os objetivos, além de pensar de forma inovadora. O Arthur nos fez mudar. Estou guardando tudo porque sei que vai aproveitar para colocar em prática o que aprendeu aqui na escola”.
Trabalho em equipe
A venda do avião feito com garrafa pet rendeu para Isadora Wlatrick R$ 20. O investimento foi zero. A menina tem só oito anos, mas quando começa falar parece que tem três vezes mais. Ela é quem lidera o processo de criação dos brinquedos feitos com material que vai juntando em casa e na oficina onde o pai trabalha. Ela tem a ideia e a desenvolve num trabalho em equipe com os pais.
As bolinas de plástico da piscina, os fios da máquina de cortar grama e alguns alfinetes se transformaram numa centopeia. “Ela aproveita muita coisa e tem umas ideias bem bacanas. Nós a ajudamos porque vai compreendendo que tudo tem custo e que precisamos batalhar e enfrentar desafios para conquistarmos nossos objetivos”, diz o pai Daniel Pereira.
Mais de 7 mil participantes
O JEPP deve chegar a mais de 7 mil estudantes participantes até 2019. Neste ano foram 12 escolas. Para o ano que vem outras 12 escolas da rede municipal terão atividades de educação empreendedora. O trabalho encerra com uma feira. “Queremos que essas novas gerações conheçam novas possibilidades profissionais e possam despertar para o mundo dos negócios”, afirma o coordenador regional do Sebrae, Altenir Agostini.
