“Miguelzinho”, como ficou carinhosamente conhecido o garoto Elias Miguel Nunes, de 5 anos, é uma criança com autismo que vem chamando a atenção em São José do Cerrito, na Serra Catarinense. Estudante do pré-escolar municipal Branca de Neve, o garoto integrou a fanfarra Leovegildo Esmério da Silva (FANLES), da Escola de Educação Básica Leovegildo Esmerio da Silva, nos desfiles cívicos de 7 de setembro deste ano. O talento e o carisma do garoto chamaram a atenção da população.
A história de Miguelzinho na fanfarra começou quando sua mãe pediu para ele fazer parte da banda. A escola aceitou, e o pequeno começou a frequentar os ensaios da corporação e a se adaptar com os toques musicais e as cadências de marcha feita pelos demais integrantes.
O incômodo pelo barulho excessivo sempre foi uma preocupação de todos (pessoas com autismo possuem hipersensibilidade auditoria), tendo em vista que em razão do ouvido sensível poderia levar o Miguel a sentir um certo desconforto, porém, o garotinho participou dos desfiles usando seus protetores auriculares e na maioria das vezes preferiu não usar (escolha que foi respeitada).
Além disso, o menino prodígio tinha o direito de participar o quanto quisesse e se sentisse à vontade. Em conversas com a mãe do pequeno, as lideranças da banda deixaram claro que o Miguel tinha autonomia para entrar e sair a hora que sentisse necessidade. Mas o garoto estava decidido a participar dos desfiles.
Nas apresentações, ele foi destaque absoluto com seu jeitinho carismático de ser. Sempre tocava sua caixa ao lado de seu primo José Carlos, lugar onde se sentia à vontade e também até saia da formação para olhar as vitrines das lojas (é claro, com acompanhamento da família. O garoto participou praticamente de todos os desfiles, pois achava importante fazer parte de todo o circuito.
“Ele também sempre teve nosso apoio e, é claro, a aceitação e a sensação de pertencimento perante todos os outros colegas que tocam na fanfarra, além do mais ele sempre foi tratado com carinho por todos nós”, comentou o coordenador Municipal de Cultura de São José do Cerrito e professor regente da FANLES,Felipe Ribeiro de Oliveira.
“Me sinto grato por ter feito parte de uma experiência única na vida do Miguelzinho e aqui também reforço nosso compromisso e dedicação perante a inclusão, e a aceitação de todos no mundo escolar e também musical. Agradeço a E.E.B Leovegildo Esmério da Silva pelo apoio e por sempre promover a inclusão, à Prefeitura de São José do Cerrito que nos permitiu levar adiante os projetos de musicalização e à família do Miguel, pois sem o apoio dela, a realização de ações como essas não seria possível”.
O professor destacou a importância da inclusão, que ilustra muito bem a situação vivida por Miguelzinho, e parafraseou uma importante fala da ativista paquistanesa Malala Yousafzai sobre o tema. “A diversidade garante que crianças possam sonhar, sem colocar fronteiras ou barreiras para o futuro e o sonho delas”.