Notícia no Ato

Mensagem do bispo Dom Guilherme para a quaresma

QUARESMA E CAMPANHA DA FRATERNIDADE: UM CAMINHO PARA A PÁSCOA.

“Dai-lhes vós mesmos de comer” (Mt 14,16)

O Papa Francisco nos orienta sobre o jejum quaresmal quando diz: “O jejum não é somente privar-se do pão. É também dividir ou repartir o pão com o faminto”. Assim fica como uma boa dica para a prática do jejum: o que nós economizarmos no jejum desta quarta-feira de cinzas ou ao longo da quaresma, transformarmos tudo em mantimentos, em cesta básica ou no valor de algumas marmitex para dar aos que passam fome.

O jejum sempre deveria ser um exercício de espiritualidade que nos educa a olhar para nosso irmãos e nossa irmãs que passam privações de alimentos, passam fome ou estão entre os milhões em situação de insegurança alimentar. Insegurança alimentar são todas as pessoas ou famílias que hoje comem alguma coisa, mas que não sabem se “amanhã”, na semana quem vem ou no fim do mês ainda terão algo para colocar na mesa para si ou para dar a seus filhos ou netos.

Nesse sentido o JEJUM da quaresma ou mesmo em outros momentos da vida, é, na prática, o que Jesus nos fala no Evangelho segundo São Mateus 6,2-4 a “ESMOLA”. Compreendemos, assim, que a ESMOLA BÍBLICA é muito mais que dar um trocadinho para um pobre pedinte, por vezes até para nos livrar dele e não gastarmos nosso tempo para ouvir, quem sabe, a história sofrida de sua vida, mas é praticar a justiça e a caridade. O jejum e a esmola são dois dos três dos principais exercícios que a Igreja recomenda para o caminho da conversão. Assim praticados, o jejum e a esmola, necessariamente nos fazem entrar em comunhão com Deus e então transformamos tudo no terceiro exercício que a Igreja nos recomenda: a ORAÇÃO.

A ORAÇÃO, quando bem feita, sempre nos remete ao AMOR SOLIDÁRIO, MISERICORDIOSO E COMPASSIVO para com nosso próximo. Como eu disse, o jejum e a esmola que são praticados não para aparecer diante das outras pessoas, mas para converter nosso coração do egoísmo e do só pensar em si mesmo, por isso, levam-nos a orar diante do Pai.

Jesus, no texto de São Mateus 6,1-18 nos adverte para que nossa JUSTIÇA, nosso JEJUM, ESMOLA E ORAÇÃO, nunca sejam praticados para sermos percebidos, para sermos elogiados ou vistos pelos ‘homens’, mas no silêncio de nosso coração. Estes são exercícios que ajudam tanto quem as pratica porque nos convertem e nos alcançam muitas bênçãos e graças da parte de Deus, quanto aos que recebem os frutos de nosso jejum, esmola e oração.

Conforme a ORDEM de Jesus, “DAI-LHES VÓS MESMOS DE COMER”, na “multiplicação dos pães”, quando os apóstolos queriam que Jesus mandasse o povo embora com fome, OBRIGA a Igreja que se diz CRISTÃ, a ajudar para que nenhuma pessoa no mundo inteiro passe FOME ou permaneças em situação de insegurança alimentar.

A quaresma que hoje iniciamos com a imposição das cinzas em nossas frontes ou sobre a cabeça e com uma das opções de invocação bíblica da Palavra de Deus: “Lembra-te que que és pó, e ao pó hás de voltar” (Gn 3,19), ou, “Convertei-vos e crede no Evangelho” (Mc 1,15), VAI ATÉ ANTES DE INICIAR A MISSA da Ceia do Senhor e Lava-pés na Quinta-feira Santa de noite.

Sempre é importante lembrar que AS CINZAS UTILIZADAS DEVEM SER PREVIAMENTE PREPARADAS, PREFERENCIALMENTE COM A QUEIMA DOS RAMOS ABENÇOADOS E DISTRIBUÍDOS AO POVO NA CELEBRAÇÃO DO DOMINGO DE RAMOS DO ANO ANTERIOR.

A quaresma é o tempo litúrgico que nos faz percorrer o caminho da conversão para podermos celebrar a Páscoa do Senhor. Com a missa da noite de quinta-feira santa, termina a quaresma e nos introduz na grande celebração do Tríduo Pascal que se conclui com a missa vespertina do domingo da Páscoa do Senhor.

A Constituição do Concílio Ecumênico Vaticano II “Sacrosanctum Concilium diz no número 109: “Tanto na liturgia quanto na catequese litúrgica esclareça-se melhor a dupla índole do tempo quaresmal que, principalmente pela lembrança ou preparação do batismo e pela penitência, fazendo os fiéis ouvirem com mais frequência a Palavra de Deus e entregando-se à oração, os dispõe à celebração do mistério pascal”. Por isso:

a) – Utilizem-se com mais abundância os elementos batismais próprios da liturgia quaresmal. Segundo as circunstâncias, restaurem-se certos elementos da tradição anterior.

b) – O mesmo diga-se dos elementos penitenciais. Quanto à catequese, seja inculcada na alma dos fiéis, juntamente com as consequências sociais do pecado, a natureza própria da penitencia que detesta o pecado como ofensa a Deus. Na ação penitencial não se omitam as partes da Igreja nem se deixe de urgir a oração pelos pecadores”.

Fazer a caminhada da quaresma, e quando chegar o Tríduo Pascal, ir passear, ir para o campo, o sitio, a fazenda, a praia ou para as Serras e lugares de turismo E NÃO CELEBRAR TODAS A LITURGIA QUE INICIA NA QUINTA-FEIRA SANTA DE NOITE E TERMINA NO DOMINGO DA PÁSCOA DA RESSURREIÇÃO, é talvez a maior demonstração no “analfabetismo” ou da total ignorância (desconhecimento) da centralidade de nossa FÉ EM CRISTO JESUS.

Evidente que devem se considerar as Comunidades distantes e que muitas vezes têm celebrações muito esporádicas. Nestas, o “culto” da liturgia da palavra com ou sem a distribuição da Comunhão Eucarística deve acontecer sempre que possível.

+ Guilherme Antonio Werlang

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