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Professor universitário esteve em Lages para fotografar o túmulo de intelectual uruguaio

Ricardo Machado, professor de História na Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS), esteve no Cemitério Nossa Senhora da Penha para fotografar o túmulo de Félix Peyrallo Carbajal

Um espírito inquieto. Essa é uma entre as muitas maneiras de classificar a vida nômade de Félix Peyrallo Carbajal (1905-2005), um filósofo uruguaio que, despojado de posses materiais, percorreu o mundo e, nas décadas de 1980 e 1990, esteve em Lages durante algum tempo. Além de ministrar algumas palestras na Universidade do Planalto Catarinense (Uniplac), conseguiu construir algumas amizades sólidas, sendo Elza Maria Granzotto Volpato e Fernando Cannella Pedemontes as mais significativas. Foram esses laços de afeto que o fizeram voltar à cidade várias vezes. Seu corpo está enterrado no Cemitério Municipal Nossa Senhora da Penha.   

O professor Ricardo Machado, fascinado pelas histórias que envolvem esse personagem, fez uma extensa pesquisa, reuniu material biográfico e bibliográfico, e escreveu uma tese de doutorado tendo Félix Peyrallo Carbajal como objeto de estudo. Nesse texto acadêmico, que está centrado na existência do homem que transformou a própria vida em um longo poema sobre o deslocamento geográfico, se destaca a relação amorosa com a poeta cubana Carilda Oliver Labra, a amizade com Manuel Bandeira, e o intenso diálogo com as obras literárias de Ruben Dario, Eduardo Galeano, Rainer Maria Rilke, Arthur Rimbaud e Miguel de Cervantes, entre outros.

Na última sexta-feira (5 de março), como se fosse uma tarefa imprescindível ao discípulo, Ricardo Machado viajou de Chapecó, onde reside, para Lages com um objetivo bastante definido: fotografar o túmulo do mestre. Mais do que o encontro espiritual com o homem admirável que construía relógios de sol e que falava durante horas sobre a poesia e as mulheres, esse acontecimento pode ser visto como o complemento de um projeto intelectual. “Meu livro sobre Felix Peyrallo Carbajal deve ser publicado brevemente. A tese foi a base, mas precisei editar o texto, visando obter uma linguagem acessível ao leitor”, afirmou Ricardo Machado.

Texto: Raul Arruda Filho/Fotos: Toninho Vieira  

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