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Cerejeiras da rua Frei Gabriel passam por avaliação de condições e cuidados intensificados

Quem não tem uma foto com ela no centro das atenções na composição do cenário? Não dá pra perder a chance, pois a florada ocorre nos meses compreendidos de junho a setembro, e dura em média um mês

Para se apreciar uma cidade bela e colorida é essencial cuidar da saúde e do vigor das árvores que a decoram e produzem ar fresco e sombra, em nuances vibrantes e perfumes intensos. E para incorporar esta intenção, o departamento de paisagismo da Secretaria de Serviços Públicos e Meio Ambiente, da prefeitura de Lages, está atuando para conter uma doença que acabou atingindo as tão grandiosas cerejeiras que embelezam a rua Frei Gabriel com suas flores rosáceas.

As cerejeiras do Japão (Prunussp) estão sendo atacadas pelo besouro-das-roseiras (Macrodactylussubspinosu), comum nas plantas da família Rosaceae. No entanto, conforme descreve a gerente de paisagismo da Secretaria de Serviços Públicos e Meio Ambiente, engenheira agrônoma, Danúsia Vieira Sartori, esta praga causa um pequeno estresse na árvore, o que pode ser uma abertura para o ataque de outras novas pragas e patógenos. “No diagnóstico ficou evidenciado, também, que algumas árvores estavam com cancros na base do tronco e galhos da copa, decorrentes das roçadas e podas feitas anteriormente, de forma inadequada”, justifica a especialista. Outro problema encontrado é a deficiência nutricional das árvores, porém, a Secretaria de Serviços Públicos e Meio Ambiente, em parceria com a empresa Arboran – Soluções em Arborização Urbana, já está desenvolvendo um plano de manejo para melhorar a saúde não somente das cerejeiras, mas de outras árvores do paisagismo urbano. Não foi estimada a quantidade de cerejeiras existentes na área central de Lages, contudo, foram plantadas pela prefeitura entre os anos de 2000 e 2004. Outras vinte árvores serão plantadas ainda neste mês de fevereiro.

A Secretaria de Serviços Públicos e Meio Ambiente, juntamente à Empresa Arboran – Soluções em Arborização Urbana, está realizando um diagnóstico da situação atual das árvores no Centro, principalmente das cerejeiras. Após a conclusão da avaliação será elaborado um plano de trabalho para recuperar a saúde das plantas.  Este trabalho conta com uma equipe multidisciplinar, envolvendo profissionais de agronomia, engenharia florestal e biologia. O secretário de Serviços Públicos e Meio Ambiente, Eroni Delfes Rodrigues, comenta que, “uma equipe técnica totalmente preparada atende às necessidades biológicas destas plantas e, baseada em leis ambientais, obedece a critérios e age com responsabilidade a todas as normas federais, estaduais e municipais”.

Beleza e ornamento de uma Lages pacífica

As mudas de cerejeiras são enxertadas em estacas, produzidas no início da primavera e cultivadas em viveiro por no mínimo um ano, para então serem plantadas no local definitivo. O plantio normalmente é feito no final do inverno, quando ainda estão em estado dormente. “Entretanto, não há impedimento para as mudas serem plantadas na primavera e no verão”, acrescenta a gerente de paisagismo. A florada ocorre nos meses compreendidos de junho a setembro, e dura em média um mês.

Quando a planta não está florida ou cumprindo o processo de frutificação, ela produz energia através da fotossíntese, com a finalidade de armazenar energia para uma nova florada. “Neste período deve ser bem nutrida e mantida livre de pragas e doenças, assim aumenta-se a probabilidade de uma nova produção no ano seguinte. Um fator sensível à espécie é a poda, que tem sido feita de maneira drástica porque, culturalmente, as pessoas reclamam da copa generosa na primavera e da queda de folhas no outono”, complementa a engenheira agrônoma, Danúsia Vieira Sartori. Uma cerejeira urbana poderia receber uma poda com remoção de no máximo 25% dos galhos de sua copa, conforme a recomendação da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), em sua Norma Brasileira (NBR) 16.246, sobre manejo de florestas urbanas, parte 1: PODA, documento que estabelece os procedimentos para a poda de árvores, arbustos e outras plantas lenhosas em áreas urbanas, em conformidade com a legislação aplicável.

Elas atrapalham a publicidade?

A escolha pela cerejeira do Japão para o paisagismo em avenidas e praças da cidade de Lages foi acertada, segundo análise da gerente de paisagismo da Secretaria de Serviços Públicos e Meio Ambiente, engenheira agrônoma, Danúsia Vieira Sartori. “Trata-se de uma espécie exótica de clima temperado, de pequeno porte e, como a macieira, retrata bem a Serra Catarinense”, argumenta a gerente. Também foram trazidas pelos imigrantes japoneses, que no final do mês de agosto e início de setembro dedicam-se à contemplação da florada da cerejeira – Sakura Matsuri.

Sobre a questão relacionada aos empreendimentos que reclamam das cerejeiras na calçada e, consequentemente, estariam interferindo na visibilidade de suas marcas em exposição de marketing, esta situação deve ser mais bem debatida, de acordo com a especialista da prefeitura. “Se considerarmos a dormência no inverno, a florada até o início da primavera, as folhas no verão e o fato de serem caducifólias (plantas cujas folhas caem no outono), as plantas não causam dificuldade de visibilidade o ano todo. Além de que proporcionam beleza e conforto com sua sombra generosa. Existem outras formas de publicidade que atualmente são mais eficientes que o front light. É uma questão a ser discutida e incorporada no planejamento urbano da cidade, na educação ambiental, na ponderação sobre os seus benefícios (paisagísticos, de qualidade do ar e de redução do impacto sonoro, entre outros) e os problemas relacionados”, observa Danúsia, apontando, ainda: “As cerejeiras foram plantadas com o objetivo de melhorar a qualidade de vida da nossa população e das gerações futuras. Temos poucas árvores e o principal motivo é porque a população se foca nas dificuldades em dividir o espaço urbano com árvores, pelos aspectos de limpeza ou de empecilho na visibilidade da publicidade e da sua morada, e com as redes de água e energia, entre outros problemas menores.”

O Município é responsável pelo planejamento e gestão da arborização urbana e tem disponibilizado técnicos e agentes ambientais habilitados para fiscalizar os problemas decorrentes do plantio, poda ou retirada indevida, assim como estão atuantes na realização de ações de educação ambiental no Mês do Meio Ambiente (junho), no Parque Natural Municipal João José Theodoro da Costa Neto (Parnamul), no Centro de Educação Ambiental Ida Schmidt e nas escolas da rede pública. “A questão é complexa e envolve as secretarias do Planejamento e Obras, do Meio Ambiente e da Educação e, de parte do cidadão lageano, as empresas, o comércio e suas entidades de representação. O consenso deveria ser expresso no Estatuto da Cidade (Lei Federal nº: 10.257/2001)”, finaliza a gerente de paisagismo.

Supressão de cerejeiras da rua Frei Gabriel, ao lado da Catedral, será compensada

A movimentação de operários e máquinas na esquina das ruas Frei Gabriel e Lauro Müller, no Centro, já foi facilmente percebida por motoristas e pedestres há quase um mês. Neste ponto serão construídas duas farmácias e haverá estacionamento. Estas modificações motivaram o proprietário dos empreendimentos a realizar o corte de duas cerejeiras no dia 18 de janeiro deste ano.

O dono das farmácias procurou o Município alegando desconhecer a legislação, todavia, foi notificado, multado e terá de reparar o dano (plantar e monitorar o crescimento de duas árvores cerejeiras, em frente ao estabelecimento até que elas atinjam o porte das que foram cortadas – Código Municipal do Meio Ambiente, Lei Municipal nº: 218/2004 e Lei Complementar Municipal nº: 118/1999). O proprietário também doou 20 mudas de cerejeira.

Texto: Daniele Mendes de Melo, com colaboração de informações diretamente de Danúsia Vieira Sartori

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