O comboio seguiu com um caminhão de mantimentos e o maquinário, composto por duas retroescavadeiras, duas caçambas, um caminhão com escavadeira hidráulica e duas viaturas
Quando a equipe da Defesa Civil de Lages, composta por nove servidores e dois voluntários, seguiu para a cidade de Muçum, uma das mais afetadas com as fortes chuvas que assolaram o Rio Grande do Sul, já imaginava-se que seriam diversos os desafios e dificuldades enfrentadas.
A missão de ajuda ao Estado vizinho, ao adotar uma cidade gaúcha e prestar suporte na recuperação, limpeza e desobstrução de ruas totalmente tomadas pela lama após os alagamentos, iniciou na quarta-feira (15).
Segundo relato do secretário-executivo da Defesa Civil de Lages, Anildo Tadeu Antunes, que está junto da equipe em Muçum, mesmo saindo na primeira hora da manhã de quarta, somente conseguiram chegar até a cidade, distante cerca de 275 quilômetros de Lages pela rodovia BR-116, no período da noite. “Tivemos dificuldades no deslocamento, com muitos pontos parcialmente obstruídos ou em manutenção. Veículos chegavam a ficar parados cerca de duas horas na rodovia, aguardando liberação para seguir. Conseguimos passagem com mais facilidade por se tratar de um comboio de veículos oficiais, que iriam prestar ajuda”, conta o secretário.
O comboio seguiu com um caminhão de mantimentos, resultado de doações da comunidade lageana, além do maquinário, composto por duas retroescavadeiras, duas caçambas, um caminhão com escavadeira hidráulica e duas viaturas.
Entre as doações foram enviados cestas básicas; caixas de leite; água potável; ração para animais; colchões; calçados; roupas de cama; roupas masculinas, femininas e infantis, e brinquedos.
Ao chegar ao município gaúcho, os agentes se depararam com um rastro de destruição e uma realidade que já vinha sendo relatada e mostrada pela mídia, mas que apenas ao estar presencialmente no local torna-se possível sentir o drama vivido por milhares de famílias. “Vasta destruição, lama por todo lado e casas abandonadas. Realmente, um cenário desolador”, revela.
Embora a água já tenha baixado na maioria dos pontos de alagamentos, os cerca de oito abrigos montados na cidade permanecem lotados. “As pessoas não têm para onde ir, perderam todos os seus pertences e encontram as casas destruídas. Muitos saíram da cidade, ou encontraram refúgio na casa de amigos e parentes.”
Estrutura improvisada e intenso trabalho pela frente
Sem outra opção, a equipe lageana abrigou-se em um alojamento montado em uma creche, em que foi estendida uma lona devido às goteiras, e estruturou uma cozinha improvisada. Toda parte de suporte e alimentação dos servidores, que estão no local a serviço, está custeada pela Prefeitura de Lages.
Um dos homens ficou responsável pelo refeitório, enquanto os demais trabalham na limpeza e desobstrução das ruas. Para facilitar o trabalho, a área atingida foi dividida por bairros. Até o momento, seis ruas já foram desbloqueadas e outras estão recebendo o serviço.
Segundo o secretário Anildo, o sentimento de gratidão da população de Muçum é evidenciado a todo momento. “Os moradores não sabem nem como agradecer pela nossa ajuda, que é de grande valia para eles, enquanto para nós é expressamente gratificante. Voltaremos satisfeitos com o trabalho e por ter ajudado”, pontua.
A previsão é de que a equipe permaneça na cidade até quinta-feira (23). O Decreto Municipal n°: 21.321, que autoriza o município de Lages a ceder bens ao município de Muçum (RS), em razão do estado de Calamidade Pública do Rio Grande do Sul, assinado pelo prefeito Antonio Ceron, permite à Defesa Civil de Lages atuar na cidade por um período de até 30 dias, conforme a necessidade.
Texto: Aline Tives